Foi ladeira acima e
abaixo por Olinda que encontrei Iolanda, neozelandesa radicada em Luanda, a
linda moça-neve e seu balão azul. Trazia nos olhos mil perguntas sem respostas,
e dentro do peito um coração lotado de amores impossíveis. As dores, meras
bailarinas tristes dentro do seu sorriso solar, nuvens que passam ao vapor dos
ventos. Falou-me de seus dias, das noites acesas, incensos sem som. Da
possibilidade que viu quando lá no fundo do poço alguém lhe jogou uma corda, a
ponta do fio, da meada, da tal felicidade, e qual não foi o susto posto que a
mesma corda pela mesma mão lhe enrolou o pescoço.
Iolanda no seu oceano de
angústias viu-se traída pelo próprio coração, esse mago trapaceiro que nos
aponta oásis no deserto, ao certo, sempre, armadilhas com cheiro de flores, um
mar de falsos amores, e basta um mergulho, vem as dores. Iolanda me deu sua
mão, e pude ver na linha de sua vida rumores de sorte no jogo do amor. Iolanda
tem a mão fria e o coração, estrela cadente que lhe rufa no peito. Para
Iolanda, penso, a vida ainda tem jeito.